quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Favorita?

A escuderia reunida na ocasião do GP Des Nations de 1946

Blogsport-Brasil, Abril de 1950

Antes da Segunda Guerra Mundial, a Alfa Romeo era uma grande empresa com apoio estatal, que produzia motores de aviões, veículos militares, armamentos e ótimos carros.

Por mais que Mussolini e toda a Itália gostassem de corridas de automóveis, a Alfa nunca poderia gastar tanto quanto os alemães em carros de corrida.

E ainda que o melhor piloto italiano, Tazio Nuvolari, fizesse milagres, a Alfa Romeo não venceu nenhum Grande Prêmio em que estivessem os Mercedes-Benz e os Auto-Union.

Foi por essa época que Enzo Ferrari – cuja escuderia era responsável pelas atividades de corridas da Alfa desde 1929 – observou que seria melhor procurar o sucesso na categoria voiturette (na época disputada principalmente pela ERA e pela Maserati) do que lutar em vão contra os alemães.

Assim, em 1937, a Alfa decidiu-se por essa solução, emprestando à escuderia Ferrari seu projetista Gioacchino Colombo, que desenvolveu um projeto com motor 1,5 litro de oito cilindros em linha, duplo comando de válvulas no cabeçote e compressor Roots.

Na primeira corrida com o 158, em Livorno, a Alfa manteve sua tradição de vencer logo na estréia de um carro novo, com Emilio Villoresi derrotando os Maserati.

A primeira corrida dos Alfetta em 1939 – o Grande Prêmio da Líbia – é um desastre. Prevendo uma temporada de Grandes Prêmios de Fórmula-1 para carros de 1,5 litros, a Mercedes decide que teria de fazer melhor que a Alfa Romeo também nesse campo.

Em menos de seis meses, com grandes esforços e despesas, produz dois excelentes motores pequenos, de 1,5 litro, V8, com compressor e uma espécie de carroceria que parecia uma miniatura do grande Mercedes de motor V12.

Sem alarde, a Mercedes inscreve o modelo na corrida de Trípoli e domina a prova, conquistando o primeiro e o segundo lugar.

A Alfa volta aos tropeções para a fábrica em Portello, onde corrige o superaquecimento que causara o fracasso em Trípoli e aperfeiçoam o sistema de lubrificação.

Surge, então, o modelo definitivo de carroceria do 158, com suspensão ajustada, uma cauda mais atraente e o escapamento duplo.

Em poucos meses, os Alfas 158 conquistam três vitórias – em Livorno, Pescara e Berna (quando Farina abala os alemães vencendo seus grandes carros com pista molhada em um evento misto).

A Alfa Romeo estava sedenta por uma oportunidade para se vingar da derrota em Trípoli, mas o míni Mercedes nunca mais voltaria a competir.

Com o fim da guerra, a escuderia resolve encarar um ano sabático por conta da falta de pneus adequados.

A equipe volta com carga total em julho de 1946, vencendo o Grande Prêmio das Nações, na Suíça, com Giuseppe Farina.

Em 1947, a Fórmula dos Grandes Prêmios (atual Fórmula-1) é reformulada pela FIA: os carros com compressor são limitados a 1500 cc, e aqueles sem compressor a 4500 cc.

As antigas voiturettes européias alcançam, enfim, o status de carros de Grande Prêmio.

Na temporada seguinte, Achile Varzi morre em Berna ao testar o 158/47, um modelo experimental que rendia 35cv a mais que os outros modelos da Alfa.

O carro só volta a ser utilizado no encerramento da temporada, quando vence o novo Ferrari de motor V12 de 1,5 litro em Milão e Monza.

No ano passado (1949), a escuderia italiana esteve fora das corridas, após perder duas de suas grandes estrelas: o Conde Trossi, por doença, e Jean-Pierre Wimille, num acidente.

Para a temporada de 1950, no entanto, a Alfa Romeo está de volta, com carros que rendem 350cv a 8600 rpm.

Para a primeira corrida, em Silverstone, a equipe já acertou a participação de Luigi Fagioli, Giuseppe Farina, Reg Parnell e a revelação Juan Manuel Fangio.


Fonte | O Carro, Editora Nova Cultural, 1985

10 comentários:

Bruno disse...

Podem me chamar de louco, mas eu apostaria minhas fichas nesse time italiano...haha.

Bem legal o formato, Felipe. Parabéns.

Leandro Montianele disse...

Olha, não gosto muito desse time italiano. Mas me disseram que esse tal de Fangio é bom piloto. Vamos esperar essa temporada (1950) começar pra ver quem se dará bem.

(Mandou bem no post, Felipão! A idéia é ótima)

Abraço!

Anônimo disse...

É verdade!
Estou pressentindo que essa Alfa Romeo vai dominar essa temporada!
Mas, e essa tal Scuderia Ferrari que conhece bem os segredos da Alfa Romeo? Devem incomodar bastante, não?

um abraço,
Renato

(Muito bom esse post! Já espero pelos próximos posts dessa "empreitada")

oliver disse...

A odéia é ótima.

Melhor ainda é levá-la adiante.

Mas não sei se vai valer a pena escrever sobre Alfas e Ferraris.


No mais, gostei da parte da "... cauda mais atraente ...".

Eu ADORO uma "cauda".



hahahahahah

Felipão disse...

hahahahahah

valeu pessoa...

Willian disse...

Sei não, essa história de colocar um piloto sul-americano correr na Europa não parece muito boa.

Mas vamos esperar. Talvez com o tempo ele se adapte.

Eu apostaria mais no Giuseppe!

Ron Groo disse...

Felipão...
Está perfeito, como se estivesse cobrindo agora o campeonato.

Continua véi!

Felipão disse...

valeu pessoal...

vcs pegaram o espirito da coisa...

hahahahaha

oliver disse...

Onde se lê: odéia

Leia-se: idéia




Pronto.

Este é o primeiro blog que tem comentário com errata.

Teté M. Jorge disse...

Caramba, Felipão, a ideia não é ótima... é espetacular! Por mim, cobertura completa, com direito a errata e tudo (essa foi pro big... ahhahaha)

Beijos.