segunda-feira, 4 de maio de 2009

Nova Chrysler

Foram 73 anos de independência.

Fundada em 1925, como resultado dos esforços do operador de máquinas Walter Percy Chrysler, a Chrysler logo se tornou um ícone da indústria automotiva mundial. Ao longo do tempo, adquiriu a Dodge e ainda criou, entre outros sucessos, a Plymouth, o Challenger, o bloco Hemi V8 e a série de Minivans - Caravan, Voyager e a Town and Country.

Sua decadência começou em 1979, quando foi salva da quebra com garantias públicas de sua dívida. Após o duro golpe da crise do petróleo e a concorrência japonesa, o apoio federal e o lançamento de modelos inovadores permitiram a recuperação da empresa.

Nos anos oitenta, uma reestruturação rigorosa, comandada por Lee Iacocca, coloca a empresa no caminho do crescimento, com a abertura de novos mercados consumidores. Em franca ascensão, a Chrysler é adquirida pelo grupo alemão Daimler, em 1998.

Porém, as duas empresas não alcançam a sinergia necessária para a continuidade do projeto. Em outras palavras, os alemães consideram sua parte estadunidense um caso sem solução.

Então, em 2007, passam o controle de 80% da holding Chrysler para o fundo privado Cerberus Capital Management. Porém, o atual momento de crise não permite a recuperação da empresa, culminando com o pedido de "Chapter 11", confirmado através de um pronunciamento do presidente Barack Obama.

A notícia provocou grande confusão nos últimos dias. Muitos falaram da marca em tom de despedida, devido ao processo no qual se submeteu.

No entanto, a legislação dos Estados Unidos, através do capítulo 11 da Lei de Falências, concede ao devedor um prazo para que possa reorganizar suas contas. No caso da Chrysler, o governo emprestará US$ 6 bilhões durante o período de reestruturação. A longo prazo, injetará mais US$ 4,7 bilhões na forma de financiamento, sendo US$ 2,1 bilhões com vencimento em 30 meses.

Assim, o capítulo 11 viabilizará sua recuperação. Os credores, inclusive, não poderão cobrar judicialmente a empresa. Outros, que fizeram acordo com o governo americano, concordaram em trocar suas respectivas dívidas, que somadas chegam a US$ 6,9 bilhões, por US$ 2 bilhões em dinheiro.

O acordo entra hoje em vigor. A Fiat passa a produzir um novo carro de passeio em uma das fábricas da Chrysler, cedendo sua tecnologia para a produção de veículos compactos e menos poluentes. Em troca, terão acesso a uma plataforma para a produção de caminhões leves, além de contar com a estrutura para a venda de seus veículos nos Estados Unidos.

De acordo com o plano de reestruturação, a Cerberus desiste oficialmente de toda a sua participação na Chrysler. A Daimler, que permanecia acionista minoritária, abrirá mão de seus 19% de participação e pagará US$ 600 milhões aos fundos de pensão da Chrysler

No Brasil
A montadora chegou ao Brasil, no final de 1966, seguindo um plano de absorção mundial do acervo da Simca. No principio, mantiveram a produção do Esplanada (foto) e o Regente, substituídos, em 1969, pela linha Dodge.

Infelizmente, a crise do petróleo marcou a queda das vendas desses automóveis. Como resultado, a partir de 1978, a empresa elabora estratégias para revigorar seu portfólio. Mas os resultados são decepcionantes.

No ano seguinte, a montadora inicia a venda de suas ações para a Volkswagen alemã, finalizando o processo em 1980. A linha Chrysler é oficialmente extinta em 1981.

A partir daí, a Volkswagen passa a fabricar seus caminhões na antiga linha de montagem da Chrysler, localizada em São Bernardo do Campo.

Em 1998, sete meses antes da associação DaimlerChrysler, a Chrysler retorna ao país com a produção da Dakota na fábrica de Campo Largo, Paraná. E, em razão de novas estratégias do grupo, a fábrica é fechada, em 2001.

Infelizmente, as duas plantas da Chrysler que existiram no ABC foram demolidas. A fábrica da antiga Simca, localizada no KM 23 da Rodovia Anchieta, em São Bernardo, deu lugar a um depósito das Casas Bahia. No lugar das instalações de Santo André, que outrora pertenceu ao grupo International Harvester, nasceu um hipermercado Carrefour.

9 comentários:

Ron Groo disse...

Ao menos parece que agora se salva.
Se juntando a Fiat podemos esperar uns Fiat com motorzão né? Ou uns Crysler pequenos, coisa que a marca não tinha.

Fábio Andrade disse...

De início o que havia me encafifado era como a Fiat podia fechar uma parceira com a Chrysler se os italianos também estavam no buraco.

Pertinentes suas explicações. Eu não me canso de me surpreender com a decadência da indústria que foi o símbolo da modernidade no século XX.

Os tempos mudam...

Helio Herbert disse...

O maxímo do Luxo foi o Imperial com motor Hemi,para mim um clássico
Americano.

Felipão disse...

Valeu, Fabio e Helio.

Groo, de acordo com a parceria, serão fabricados carros pequenos, com tecnologia Fiat. Não haverá uma troca de tecnologias. O que eles pretendem é reformular por completo o conceito que se tem hoje da Chrysler.

Germano disse...

a Chrysler tá de olho nos japas...com o know how da fiat em carros urbanos, os Civic vão deixar de ser paisagem nas estradas norte-americanas

Marcos Antonio disse...

Tomara que a Chrysler se recupere, eu sou fã da marca e dos plymouths

Teté M. Jorge disse...

Ô, Felipão, você está ficando melhor a cada dia... vir aqui ler você virou parada obrigatória e a indicação pros amigos é certa.

Eita rapaz bom de texto e de assunto!

Beijos da fã.

Daniel Médici disse...

A Fiat não estava no buraco há alguns anos? E agora parece ser a única fábrica capaz de resistir à crise. Vai entender...

Mas nunca gostei da Chrysler. Não ficaria chateado se ela desaparecesse.

Felipão disse...

Teca...

Ler um coisa assim só me motiva...

Queria agradecer de montão a sua presença...

Bjoooo