Ayrton Senna conseguia aquilo que sempre almejava, pilotar pela escuderia que havia conquistado os dois últimos campeonatos.
Na temporada de 1994, a FIA resolveu banir os sistemas eletrônicos, considerado o grande trunfo da Williams nos anos de 1992 e 1993. Na pré-temporada o carro se mostrou rápido, mas instável e difícil de se guiar. Ficou claro que o FW16 não mostrava a superioridade dos modelos anteriores após perder a suspensão ativa, os freios ABS e o controle de tração. Sem os aparatos tecnológicos, o bólido recebeu de Ayrton o apelido de “cadeira eletrica”.
A decepção de Senna era nítida, não se via mais em seu olhar aquela vontade incessante pelas vitórias. Ele não estava feliz. A corrida de abertura do campeonato de 94 e a primeira de Ayrton pela Williams foi realizada em Interlagos. Na classificação o brasileiro cravou a pole position, partindo em busca de mais uma vitória em seu país. A corrida começou e ele manteve a ponta, mas Schumacher lhe roubou o primeiro lugar nos boxes. A sede pelo lugar mais alto do pódio no Brasil rendeu um erro, que o fez rodar na junção e abandonar a prova.
Duas semana depois Aida recebeu o Grande Prêmio do Pacífico e mais uma vez a pole ficou com Ayrton Senna. Logo na largada o brasileiro perde a posição para Schumacher, que saía em segundo. Mas o pior aconteceu na primeira curva, quando Mika Hakkinen acabou tocando a traseira de Senna. Nicola Larini, que vinha atrás, escapou no mesmo ponto e atingiu a Williams do piloto. O resultado foi mais um abandono de Ayrton na temporada.
Por não conseguir terminar as duas primeiras corridas do ano, este foi seu pior início na Fórmula 1. Michael Schumacher, da Benetton, liderava com duas vitórias e Senna precisava reagir na competição.
A próxima prova foi o GP de San Marino, em Ímola, e Ayrton declarou que o campeonato começava para ele naquele momento. Um acidente que quase tirou a vida de Barrichello nos treinos de sexta-feira assustou a todos. Ainda mais assustadora foi a batida de Roland Ratzenberger no sábado. As consequências da fatalidade com o austríaco foram muito maiores, pois Ratzenberger não resistiu e acabou falecendo.
Mesmo diante desses acontecimentos, Senna marcou a pole position na classificação. A dúvida sobre questões de segurança pairava nos bastidores daquele GP, mas de qualquer forma os carros estariam alinhados no grid para a corrida. O brasileiro ainda tinha dúvidas se estaria no cockpit da Williams ou não, parecia pressentir algo.
Ayrton decide correr, mas sua preocupação era nítida momentos antes da prova. Os carros largaram e logo na primeira volta um acidente provocou a entrada do safety car. J. J. Lehto deixou o motor de sua Benetton apagar na largada, Pedro Lamy, da Lotus, não conseguiu desviar e bateu em cheio.
Depois de cinco voltas o carro de segurança saiu para que Ayrton Senna desse sua última volta na vida. O fim dessa história todos nós já sabemos muito bem...
9 comentários:
Há uma cena em que Ayrton aparece apoiado na asa traseira a Williams olhando fixamente pra a frente, pensando.... Cara aquilo para mim foi fortíssimo.
Tenho todas as lembranças daquele dia comigo, mesmo não sendo o maior fã de Senna, elas não me abandonam.
Ah como eu queria que esse GP não tivesse acontecido.
=(
Pelas leis italianas, com uma morte acontecendo na pista, a corrida deveria ter sido abortada.
Me refiro à morte de Ratzenberger...
Assistia ao vivo os treinos classificatórios e vi (como quase todos os telespectadores) a MORTE ao vivo! Ou alguém pode dizer que o austríaco já não estava morto após seu acidente? Inclusive é nítida a mancha de sangue pelo lado de fora do seu capacete!
Mas pelas leis do "din-din" cancelar um GP seria um prejuízo enorme!! Óbvio, ninguém sabia o que aconteceria no dia seguinte, nem ao menos poderia supor!
Mas se a tal lei italiana fosse cumprida, pelo menos o dia seguinte
teria sido diferente...
Além da morte dos dois pilotos, houve psssoas feridas (morte?), na arquibancada ao lado da reta de largada, pelos destroços "voadores" da colisão de Lehto e Lamy... nos boxes Alboreto atropelou um (ou mais) mecânico da Minardi...
Uma grande tragédia, como foram outras na história do automobilismo...
abraços,
Renato
Lembro-me bem de ver meu veio chorando ao assistir a notícia pela TV...
Ah... perdemos muitas cenas bacanas sem o nosso Senna...
Um final de semana pra lá de sombrio, a começar pelo acidente do Barrichello, e os citados pelo Renato logo acima.
Uma pena, mais um campeão que se foi ainda cedo.
o erro da Williams foi continuar testando o carro com os aparato eletrônicos, mas a FIA não queria que a Williams fosse hegemônica. Com isso, perdeu-se tempo, Senna soube que o FW16B ia ficar pronto só em Junho e ele tinha que correr com isso enquanto isso...
Imola foi um fim de semana marcante demais,foi muito triste ver aquilo tudo...
Eu tava pensando justamente o que o Groo escreveu aqui nos comentários, as cenas de Senna antes de entrar no carro são absurdamente impressionantes, o fim de semana já era trágico e sombrio como escreveram aí também, e parece que ele estava prevendo que algo ainda pior fosse acontecer ..... acredito que alguns lamentam não ter cancelado essa corrida ...........
ah, queria ver essa foto que vocês tão falando aqui.. do Senna antes de entrar no carro.. :/
não sei se é um alívio ou uma pena eu ter só 2 anos quando aconteceu o acidente :|
mas claro, depois de 'grande' vi videos e fotos, enfim :(
*linkei o blog
Talvez seja essa nossa grande angústia, não saber determinar o momento em que a sequência dos fatos se tornou irreversível. Humano, demasiado humano.
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