Considerado uma das principais novidades do regulamento deste ano, o Sistema de Recuperação de Energia Cinética ("KERS", na sigla em inglês) causou bastante polêmica entre os chefes de equipes, pilotos, mídia especializada e público
Idealizado por Max Mosley e visto como um grande desafio tecnológico, o dispositivo acabou sendo introduzido às pressas, em meio à crise econômica, com o objetivo de aumentar o número de ultrapassagens na Fórmula-1.
De funcionamento simples, o conceito adotado pelas equipes -o “Flybird”-, utiliza um sistema com dimensões e peso mínimos.
Tudo começa no momento da desaceleração do bólido, quando um torque resistente é gerado pelo sistema. Depois, um capacitor guarda parte dessa energia, que seria transformada em calor e, por conseqüência, inutilizada.
O que foi reaproveitado é armazenado em um terminal alocado junto à transmissão e depois transferido para o sistema via cabos elétricos, fazendo um enorme volante de inércia girar.
A energia produzida pela peça, por sua vez, é armazenada para ser utilizada, posteriormente, como um “booster”, gerando potência extra aos bólidos nas retas.
Em razão do apelo ecológico, a FIA esperava que as escuderias formassem parcerias com diversas outras empresas para rachar as despesas de desenvolvimento do equipamento.
O tiro acabou saindo pela culatra e apenas as equipes das montadoras acabaram arriscando, ainda que condicionadas aos parâmetros estabelecidos pela FIA.
Outras escuderias optaram em buscar novos elementos aerodinâmicos, criando uma "subdivisão" na categoria. Afinal, a peça pesa aproximadamente 25 kg e poderia não trazer um benefício efetivo aos bólidos.
Considerando-se ainda que as escuderias procuram desenvolver um conjunto “carro-piloto” mais leve que os 605 kg previstos no regulamento, os projetistas puderam distribuir o peso de uma forma mais eficiente com a ausência do equipamento.
Nesse ano de implementação do equipamento, podemos considerar que, por enquanto, a potência do KERS mal anula o seu próprio peso, atrapalhando o equilíbrio e tornando os pneus menos eficientes.
Para evitar o problema, poderiam ter permitido um output maior, já que os sistemas operam abaixo da capacidade.
A partir da metade da temporada, McLaren e Ferrari conseguiram corrigir boa parte dos problemas aerodinâmicos e o KERS passou a se constituir num recurso importante em pistas de alta.
Como exemplo, devemos lembrar que a vitória de Kimi Raikkonen no Grande Prêmio da Bélgica praticamente obrigou a Brawn utilizar uma tática, digamos, mais conservadora na corrida seguinte, na Itália.
Para se ter uma idéia da ameaça, segundo os cálculos da Renault, o KERS poderia proporcionar um ganho de até 0s4 por volta no templo de Monza.
É muito, ainda mais em um esporte decidido nos milésimos de segundo.
Momento crítico #1
A Red Bull levou um susto durante um experimento com o KERS, quando uma fumaça teria sido liberada pela peça, ativando os alarmes de incêndio da fábrica da escuderia dos energéticos.
Momento crítico #2
Durante os primeiros testes do equipamento no ano passado, em Jerez, um mecânico da BMW Sauber levou um forte choque sem lesões sérias. Os bávaros continuaram apostando na implementação do equipamento e investiram uma quantia razoável no desenvolvimento do KERS.
Entretanto, a partir do Grande Prêmio da Espanha, a equipe abdicou do recurso. Na época em que a montadora anunciou sua retirada da Fórmula-1, muitos culparam os gastos com o equipamento, inclusive.
Momento crítico #3
O espanhol Fernando Alonso perdeu os sentidos por alguns segundos logo após o final da corrida no Bahrein. A prova foi disputada no ar seco do deserto e o cockpit do bicampeão chegou a absurdos 65ºC.
Chegou-se a comentar, na época, que o piloto havia sido vítima da intensa preparação realizada na pré-temporada. Assim como muitos outros pilotos do grid, Alonso teve que perder peso em função do novo sistema de recuperação de energia.
Aproveitando-se da situação, o italiano Flavio Briatore, inclusive, “detonou” o sistema, “esquecendo” que um problema no reservatório de água do R29 fez o piloto passar boa parte da corrida sem se hidratar.
Momento crítico #4
Durante a largada do Grande Prêmio da Itália, Heikki Kovalainen perdeu quatro posições. Na quarta volta, foi superado também por Fernando Alonso.
Na ocasião, o finlandês da McLaren culpou os pneus, que perderam a aderência necessária. No momento da arrancada, inclusive, de nada adiantou os 81,6 cv de potência extra diante da falta de grip.
Momento crítico #5
No Japão, Kovalainen voltou a sofrer com a falta de aderência, que limitou qualquer tentativa sua de lutar por posições na pista. “Levei o carro ao limite, mas ainda nos falta aderência em curvas de alta velocidade, então fica difícil tentar qualquer ataque mais duro”, explicou.
7 comentários:
Grande texto, Felipão!
O KERS não serviu para nada nesta temporada e o gasto acabou sendo enorme. Além de custar caro parece complicado de ser desenvolvido. Por mim poderiam abolir este sistema, não faria falta.
Abraços!
Sei não... acho que o excesso de regras impede a categoria de evoluir,se não houvesse tantas proibições a F 1 já teria deixado de usar pneus.F1 na era do jato...
Bah, as desculpas do Kovalainen já viraram caderninho de anedotas... de todos que tem o Kers, só ele reclama da falta de aderência. É um zé mané.
Belo texto, bastante elucidativo, sobre algo que logo cairá no esquecimento e teremos que fazer força pra recordar.
Abraço!
No início do ano, o Kers não parecia ser um grande benefício, mas com o passar do tempo, se tornou uma boa ferrementa, principalmente nas largadas.
Se continuarem com a evolução, o dispositivo criará uma grande separação entre os times que tem e os que não tem.
Engraçado que o mecanismo era para aumentar as ultrapassagens, e nessa temporada, ele justamente serviram para evitá-las, rs.
Eu sempre fui contra o KERS mesmo, a mim não ficará saudade alguma. E concordo com o Hugo, o papinho Kovalainen na largada tá pior que o do Rubens.
Tanto dinheiro gasto nessa geringonça pseudoecológica para nenhum grande efeito que o corresponda.
Que grande perda de tempo. Aliás, a F-1 não precisa de botãozinho push-to-pass. Isso é o mais feio de tudo. Esta é a última coisa que desejo ver numa categoria top.
ótimo texto, tb tinha visto um texto mto bom do blog do Henry( sumiu ele, uma pena, gostava muito do blog do cara...)
O Kers foi uma grande bobagem que não deu certo e não fará falta...
Felipão,
Sem duvida essa tecnologia foi um tiro no pé,muito se gastou e nada adiantou.
abraço
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