Esse era o retrato da África do Sul nos tempos de Apartheid, um dos regimes de discriminação mais cruéis da história.
Inclusive, em 1985, algumas equipes resolveram boicotar a corrida.
Tudo começou com um pedido da ONU, para que os dirigentes não realizassem a corrida, como forma de protesto.
Entretanto, o pedido não foi atendido.
As equipes Renault e Ligier não participaram do GP, por exigência do presidente francês, François Mitterand.
A Lola-Beatrice viajou para a África do Sul, treinou, mas não largou.
Outras equipes, como a McLaren, retiraram os nomes de patrocinadores de seus carros.
A corrida saiu do calendário no ano seguinte e só voltou a ser disputada em 1992, quando Frederik de Klerk, presidente do país naquela oportunidade, derrubou o regime.
Obs.: Esse post fazia parte de meu antigo blog, que originou o Blogsport.
Na época, houve um debate bastante construtivo nos comentários, onde os blogueiros mostravam diferentes interpretações em relação ao fato e a foto.
Por isso resolvi publicá-lo novamente.
O título re post foi roubado do Groo e sei que não se importará.
10 comentários:
Um sujeito detesta corrida.
Resolve trabalhar.
Algum fotógrafo que ele gentilmente deixou entrar em suas terras, pra obter um lugar pra fotografar, tira esta foto.
E então,
SÓ PORQUE O SUJEITO É NEGRO,
inicia-se a celeuma.
Sem dúvida, isto é racismo.
Essa é uma visão que havia sido postada por um blogueiro, naquela época, de que não haveria de ser nada, por esses mesmos motivos...
E o sujeito está devidamente uniformizado e trabalhando sob ótimas condições, como dá para ver na foto...
Ora, senhores, como ignorar ou minimizar o absurdo que aconteceu na África do Sul, do qual a própria população branca se envergonha profundamente? Tenho um conhecido sul-africano (branco) que, até algum tempo atrás, se envergonhava de falar de sua terra natal.
Num autódromo onde havia arquibancadas para brancos e para negros em separado (se o houvesse ara negros), não é necessário pensar muito para ver onde está o racismo.
A foto é excelente, a única crítica que pode ser feita a ela é aquela que fazem há mais de 50 anos com as fotos da Dorothea Lange (o autor da foto ganha milhões, o excluído retratado, nada). Ou seja, ninguém vai inventar a roda por aqui.
O boicote ao GP em 85 foi motivado por um evento em especial: Benjamin Moloise, um poeta negro, teve sua sentença de execução marcada para o dia 17 de outubro de 85. A Fórmula 1 estaria em seu primeiro dia de atividade de pista em Kyalami. Kyalami ficava a 20 km do local da execução.
Eu concordo com Luis e Daniel...
Acho que a foto mostra o que realmente andava acontecendo no país...
Entretanto, na época em que havia postado pela primeira vez, muitos mostraram uma opinião semelhante ao do oliver...
O bôeres (holandeses "brancos" da África do Sul que institucionalizaram o aparthaid) chegaram a constituir duas repúblicas independentes dentro da própria República Sul Africana.
E começaram a "exportar" os cidadãos de cor para lá.
Acontece que estas duas repúblicas¨(separadas uma da outra) eram verdadeiras ILHAS, sem a menor infra-estrutura, solo terrivelmente árido e pouquíssima água.
A ONU interferiu e tiveram que "abortar" a idéia.
Para uma avaliação mais ampla, Bobbio.
A F1 não foi a única e não entrar na onda do boicote engendrada pela ONU contra o apartheid na Africa do sul naquele ano de 1985,
O Queen também furou o movimento indo tocar lá e ficou um tanto mal visto pelos seus pares artisticos.
A justificativa do grupo foi de que nem todo sul-africano é racista e tem o direito de se divertir e que tocando em praça publica - como foi o caso - não haveria como ter segregação.
Acho que eles se enganaram quanto a segunda parte da justificativa, pois o apartheid era instrumento previsto na constituição local.
E de uma forma e de outra não deixamos de gostar de nenhum dos dois por isto, Nem da F1 e nem do Queen.
A frase do Daniel foi a melhor. O fotografo ganhou milhões e o fotografado acho que nem pode ver a corrida...
Pode usar o titulo sim... a conta corrente para o depósito eu passo depois hehehehe (brincadeira)
Valeu, Groo...
hhahahaa
Concordo com o Oliver quanto a foto, e concordo com o Luís e o Daniel quanto ao apartheid. Aliás, acho que todos concordamos, não resta dúvida quanto a isso, que foi um sistema estúpido e que ainda hoje mostra muitas cicatrizes.
Mas voltando à foto, já que ela é que está em discussão, concordo também que é racismo achar que só porque o rapaz é negro ele está trabalhando em regime de escravidão. NÃO ESTOU DIZENDO QUE NÃO ESTÁ!! Quero dizer, é muito provável que as condições de trabalho dele, sob aquele regime, não fossem nada boas, mas isso não tem nada a ver com ele não estar uniformizado. Já vi muita gente, tanto brancos como negros, na minha cidade trabalhando na beira da rodovia utilizando exatamente o mesmo uniforme que ele está usando. Mas é óbvio, não se pode comparar a situação social daquele rapaz que está na foto com a dos cidadãos que arrumam a estrada na minha cidade.
No entanto, a foto não retrata isso, na minha opinião. A foto, para mim, pelo menos, retrata uma pessoa sem camisa (e parece estar quente) trabalhando com uma pá para reforçar o muro de contenção do circuito de Kyalami, em 1972, enquanto um carro de corrida, que não me parece um F1, passa rasgando. Conheço muita gente que gostaria de estar fazendo o serviço dele, nas condições que a foto mostra. Mas não nas condições políticas que a foto, evidente e infelizmente, não mostra.
Uau...
Era isso que eu esperava de vocês...
uma análise da situação do país e uma da foto, em separado...
Fantástico pessoal...
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