Ontem, Rubens Barrichello confirmou que disputará a temporada 2010 da Fórmula-1 pela Williams. Antes dele, José Carlos Pace (1972), Nelson Piquet (1986 e 1987), Ayrton Senna (1994) e Antônio Pizzonia (2004 e 2005) já haviam sido comandados por Frank Williams.
Vale a pena lembrar que Barrichello esteve próximo de acertar com a equipe britânica em outras duas ocasiões. Na primeira delas, logo após a morte de Ayrton Senna, o então novato contou, inclusive, com a ajuda de Nelson Piquet, já que ambos eram patrocinados pela Arisco.
A multa para deixar a Jordan ficaria a cargo da empresa do ramo de alimentos e, como a Williams era patrocinada pela Rothmans, o brasileiro teria de abrir mão de um contrato pessoal com a Marlboro para realizar o sonho de guiar um bólido realmente competitivo.
A transferência, como se sabe, não aconteceu, e Barrichello permaneceu na equipe de Eddie Jordan. “No caso da Williams, ficou claro que eu deixaria de ganhar dinheiro para poder ganhar um carro”, declarou à Revista ISTOÉ, em 1999.
Ainda em 1994, Barrichello chegou a assinar uma carta de intenção com a McLaren. “Mas eu ficaria numa situação difícil porque estava escrito no contrato que eu seria piloto da McLaren, mas não dizia se era de kart, de teste ou de Fórmula 1, e tinha de ser daquele jeito”, continuou na mesma entrevista.
“Achei que era uma falta de respeito muito grande e quis sair fora. Mas eu nunca coloquei o dinheiro em primeiro lugar, tanto que eu dei um passo para trás na Stewart, pensando em dar um passo para a frente mais adiante”.
Durante a pré-temporada de 1995, Barrichello resolveu animar os torcedores brasileiros com declarações para lá de polêmicas. Numa delas, revelou que vivia a expectativa de vencer sua primeira corrida na categoria, mesmo sabendo que o motor Peugeot era fraco e o Jordan 195 uma carroça.
Ingênuo, chamou a responsabilidade e acabou se tornando a maior vítima da furiosa busca por um "sucessor de Ayrton Senna". Foi nessa época que, preocupado com lucro a curto prazo, ganhou Nelson Piquet como desafeto, ao trocar o patrocínio da Arisco pelo da Pepsi.
Após ter chegado à Fórmula 1 com um currículo de vitórias digno dos grandes campeões, Barrichello levou apenas dois anos para desconstruir sua imagem, virando personagem de piadas e colecionando decepções com carros que prometiam, mas nunca chegavam.
No Grande Prêmio do Brasil de 1995, resolveu adaptar o lay-out de seu capacete ao tradicional desenho de Ayrton Senna. Para muitos, aquela atitude soava como uma grande heresia, ainda mais diante do péssimo rendimento apresentado por ele durante todo o final de semana.
Completamente perdido, foi mais lento, inclusive, que seu companheiro de equipe, o irlandês Eddie Irvine. “Eu precisava ganhar uma corrida para mostrar ao Brasil que era capaz, que eles podiam continuar torcendo por mim, que tinha sido só uma falha técnica, afinal, eu tinha ganho tudo no passado. Aquilo se tornou uma necessidade, uma droga. E isso me machucou por toda a temporada”.
Alguns anos depois, Barrichello voltou a negociar com a equipe de Grove, mas teria de pagar US$ 6 milhões de dólares para deixar a Stewart. Diante disso, a Williams fechou com Ralf Schumacher e o brasileiro, ao final da temporada, acabou se transferindo para a Ferrari.
Nas seis temporadas que esteve ao lado de Michael Schumacher, tentou vender a imagem do “1B” e acabou pressionado por todos os lados. Antes de trocar Maranello pela promissora Honda, em 2006, tornou-se o vice-campeão da categoria nas temporadas de 2002 e 2004.
Após três anos de fracassos, a equipe japonesa se retirou da Fórmula-1 e, quando todos imaginavam que Barrichello estava acabado, eis que este ressurgiu no cockpit da Brawn como um dos favoritos ao título.
Agora, contrariando às expectativas de seus críticos, ganha mais uma sobrevida. E, surpreendentemente, na Williams.
Digo “surpreendentemente”, levando-se em conta o puxão de orelhas que Barrichello levou do velho Frank Williams, após ter criticado publicamente a postura de Ross Brawn e seus pares na ocasião da troca de posições no Grande Prêmio da Alemanha deste ano.
"É uma atitude passível de um cartão vermelho", disse o chefão, referindo-se à punição aplicada no futebol para uma falta grave. "Trata-se de uma declaração bem incomum para um piloto. Em sua defesa, devemos admitir que ele estava no calor do momento, muito chateado."
Quando perguntado sobre o que faria se ele fosse o seu piloto, Williams respondeu: "Eu tentaria deixar o meu orgulho para trás, conversaria com ele e tentaria fazê-lo mudar de opinião", disse. "Mas, com certeza, não toleraria uma atitude como essa novamente."
Curiosamente, Barrichello não respondeu, como se tivesse entendido a mensagem do futuro patrão. Nesses 16 anos de Fórmula-1, deve ter aprendido, certamente, que o velho Frank Williams não cultiva o hábito de mandar recado.
*Nas fotos, Barrichello durante o final de semana do Grande Prêmio do Brasil de 1995, no qual, após ter largado em 16º, abandonou, com problemas na caixa de câmbio.
12 comentários:
Felipão,
Eu estive em Interlagos neste final de semana,a pressão sobre Barrichello era absurda,o cara não suportou,ainda viviamos aquele sentimento de estarmos orfãos.
Quanto a sua ida a Grove,será uma tristeza para o Groo e para o Marcão,ele deve conseguir um pódio aqui,outro ali.
abraço
Saudações Felipão!
Concordo com você, foi surpreendente!
Nunca imaginei Rubens na Williams.
Abs.
Barrichello vai entrar para a galeria dos imortais da F-1, mas por motivos diferentes de Senna, Fangio e Clark!
continuando com o que disse Luis augusto, Barrica vai entrar como entrou Stirling moss, e que não venha Ron Groo a dizer que estou exagerando.
linda perpectiva da vida do sobrevivente, é realmente uma história de amor ao cheiro de pneu queimado. será que Barrica mesmo entende a sua historia deste jeito?
Rapaz...fantástico post.
Esse assunto Barrichello- Piquet nunca foi bem elucidada...qto menos as tentativas de Maclaren e Williams...fica claro agora que Rubens sempre esteve na mira de Frank.
Curiosamente sempre tinha algo que atrapalhava e ele optava por pilotos que depois iria desgostar, como Coulthard e Ralf Schumacher.
Vou fazer um post a respeito e cpom certeza, Felipão, esse post será referência lá. Aguarde.
http://historiasevelocidade.blogspot.com/2009/10/o-que-e-necessario-parte-1.html
muito agradecido pelo belo post que vc fez aqui e me ajudou nas reflexões deste. Peço dsde já quaisquer desculpas se vc não gostar da citação e se quiser a retiro... se puder, confere esse post e depois o outro, falando da Williams e de Rubens barrichello
Felipão, nem este fantástico trabalho seu me anima com este cara na nossa equipe.
To triste.
olha eu ainda não acredito nisso...Só vou acreditar e me consultar com um psicologo quando a Williams confirmar...
Eu gosto da Williams e gosto de Barrichello. Ou seja, achei bacana essa ida dele.
Embora aconteça com uma década de atraso...
O único problema que eu vejo é a questão dos motores. Esperava uma ressurreição da Williams com Renault ou Mercedes. Cosworth é para carroças como as novas equipes...
dou todo o apoio a Rubens.....agora é aguardar ano que vem e claro...o gp do brasil!
Rubens, 3x vice. Já bateu muitos recordes e vai atrás de mais um: O de Stirling Moss! Mesmo que nunca chegue a campeão, terá lugar gravado na memória dos que o odeiam.
Mas fica a pergunta: O veterano Cosworth vencedor de outros tempos, ainda tem fôlego?
Oi amigos é com extremo gosto que leio este blog!gostei imenso o teu blogue!
Estas a elaborar um muito bom trabalho, hoje sempre muito para escrever nos blogues!
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penso que no teu blogue so falta uma Ferramento de traducao. De resto está muito bem escrito!
fica bem
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